sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O que faz o nosso trabalho ser fundamental?


O que leva 130 pessoas a assistir um debate político numa quadra de futebol, em uma fria noite de quinta-feira, ao contrário de estar em casa, com a família, assistindo a novela das 20h?

Ainda não consegui encontrar a resposta certa, a ponto de respondê-la neste segundo parágrafo.

O fato é que há alguns anos, Belford Roxo, município localizado na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro, foi classificada como a segunda cidade mais violenta do planeta. No entanto, podemos dizer que ontem foi um daqueles dias emblemáticos: parte da população local se apropriou da troca de idéias para dar um “basta” neste rótulo.

Quem esteve no debate envolvendo os candidatos ao cargo de vereador pelo bairro de Vila Pauline sabe do que estou escrevendo. A ação, pensada e organizada pela turma da “Melhor Idade”, da Escola de Informática e Cidadania do bairro, em conjunto com o CDI/RJ, foi um sucesso na opinião de todos.

Primeiro, a comunidade assistiu ao filme “Candidatos em Xeque”, produzido pela EIC e pelo Núcleo de Comunicação Comunitária do CDI/RJ. O filme, que foi feito durante o “Mergulho na Comunidade”, tinha mesmo o intuito de colocar os políticos na parede. Foi mostrada a terrível deficiência de saneamento no bairro.

Minutos depois, a reflexão: para que serve o vereador? Ou melhor, para dar crédito à moradora que fez a pergunta final do filme: “pra que? Pra que”?

E começou o debate. Incríveis doze candidatos num só bairro: Cláudio Timbó (PSDB), Tynho (PV), Jacoginho (PT), Marcelo de Moraes (PT), Marcão Kiko (PSDB), Maria Goularte (PMDB), Dadai (PSDC), Eriksson Gal (PSC), Sensei Cláudio Leonardo (PV), Inácio Café (PMDB), Natan (PMN) e Luciano Bel (PTN).

E vieram promessas, propostas, explicações, “alfinetadas” – com estilo, diga-se de passagem – e, uma iniciativa que deixou o apresentador perplexo: pedidos de aplausos de um candidato para o outro.

Seria justo dizer que a participação dos políticos – e de seus assessores - foi de alto nível. Tanto em relação às propostas, quanto em relação ao comportamento.

No fim, o escriba escutou de uma moradora, já na saída do local, a resposta para as perguntas que estão no título e no primeiro parágrafo deste artigo: “ainda bem que existe a EIC. Por causa deste debate, descobri que vereador não asfalta rua e nem constrói praça”.

Não foi no microfone. Essa declaração ele ouviu sozinho, quase como um sussurro ao pé do ouvido. Porém, o que ficou para todos, foi a nítida impressão de que cumprimos apenas uma ínfima parte, diante de tudo aquilo que ainda temos a realizar.

(Fagner Torres)

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